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Críticas de Cinema

sábado, 17 de março de 2012

Filme 50%

                                                             
                                                  Sincero, tocante e divertido.
                                              Avaliação:8,5/10

Falar de um tema tão complicado como o câncer e fazê-lo de forma calma e divertida é para poucos. Não consegui acreditar que estava o tempo todo diante de um paciente corajoso com um câncer raro na coluna.  Este é um dos pontos  mais positivo desta produção, que conseguiu mesclar momentos muito bem elaborados de humor, com momentos muito bem executados de drama.

50% (50/50) conta a história de Adam (Joseph Gordon-Levitt), jovem de classe média que leva uma vida normal, até descobrir que tem câncer. Kyle (Seth Rogen), o seu melhor amigo é um desequilibrado, que tenta ajuda-ló de todas as maneiras, mas não deixa de utilizar a doença de Adam para se dar bem com as mulheres. Nas poucas chances que lhe restam, Adam conhecerá Katherine (Anne Kendrick), uma jovem psicóloga, que irá virar sua cabeça de vez.

O filme aborda de maneira cômica o assunto da doença do protagonista, não deixando de lado toda a carga dramática que a própria situação em que Adam se encontra, exige. Misturado a isso, está toda a vida do protagonista, como a família, a namorada e as inseguranças de um futuro incerto. A parte cômica fica por conta de Seth Rogen, tanto as piadas quanto as cenas. Ele é muito bom na comédia e o personagem caiu como uma luva para o ator.

O ponto alto do filme é o sensacional roteiro de Will Reiser. Assim, 50% é um filme importantíssimo na vida do roteirista Will Reiser, já que é parcialmente baseado na própria luta de Will para vencer o câncer na vida real.  A experiência do roteirista no tema o permite abordar o assunto com honestidade e realismo. A trama é envolvente e emocionante sem apelação ou esforço.

 O equilíbrio do filme é competente. Digamos que este seja um filme corajoso. Quando se fala em câncer, a possibilidade de algum espectador ter algum envolvimento com a doença é muito grande. Este é,  e sempre foi e dificilmente deixará de ser um dos grandes motivos pelos óbitos da humanidade. Abordar uma temática como essa é comum na sétima arte, porém isto sempre é feito por intermédio de um trabalho melodramático capaz de arrancar rios de lágrimas do espectador. Essa questão está em destaque no respeito que se dá ao tema, mas neste filme estamos diante de algo diferente, sensível, inteligente, divertido e emocionante.

Grande parte deste clima ameno está baseado no personagem Kyle, que é amigo de Adam  e tenta fazer o máximo de besteira possível para alegrar o colega doente. Mesmo sendo um pouco egoísta e aproveitador é possível perceber na relação deles o amor atrelado a verdadeiros laços de amizade e é isso que não irrita o espectador diante das "artes" de um "espertinho".


Joseph Gordon-Levitt é um ótimo ator e tem duas cenas impressionantes no terceiro ato: a crise de pânico no carro do amigo e o momento em que recebe a anestesia. Carismático, o ator jamais força a barra  e conduz o filme com segurança. Seth Rogen faz o papel que nasceu para fazer: o de melhor amigo divertido e maconheiro.

Atuações paralelas, também, merecem destaques. Angelica Huston interpreta a mãe de Adam e  é responsável por grandes cenas, como quando releva a seu filho que faz parte de um grupo de ajuda de mães cujos filhos possuem câncer – um dos momentos mais marcantes do filme, na minha opinião – ou quando simplesmente discute com uma enfermeira a temperatura da sala do médico, porque o seu filho esta doente – onde na verdade seria ela que estava com frio.

Talvez o único problema do filme seja a relação de Adam com a sua terapeuta (Anna Kendrick). O romance dos dois personagens durante todo o filme é muito lento e muito sem lógica. Os dois atores ainda tentam se esforçar, mas não conseguem uma boa química.


Também deve ser ressaltada a trilha sonora de Michael Giacchino. O oscarizado compositor, responsável pelas belíssimas trilhas de Ratatouille e UP, não faz feio em 50% e dá um tom honesto e pra cima ao longa. A direção do filme que caiu nas mãos de Jonathan Levine está muito boa.Ele consegue misturar comédia e drama em um filme simples,mas que consegue comover.

A forma como se reage a uma notícia destas, o papel que têm aqueles que nos rodeiam e a envolvência que uma doença destas traz à vida de uma pessoa é algo que só quem passou por essa terrível experiência nos poderia transmitir, mas graças ao incrível argumento e à performance de Gordon-Levitt é possível conhecer essa terrível provação sem termos de passar fisica e mentelmente por isso.

O diretor Jonathan Levine nos apresenta um excelente filme,com ótimas atuações,um sensacional roteiro e uma ótima trilha sonora.Pena que o filme tenha sido lançado direto em dvd.  

Analiso 50%  como um filme sincero,tocante e divertido.

2 comentários:

  1. Oi Filho,

    A crítica do filme está excelente! Gostei muito desse filme e vejo a grande lição de vida que ele transmitiu no final: é preciso acreditar e lutar.

    Beijos.

    Mãe.

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  2. Esse filme é lindíssimo e merece atenção especial!
    Você tem escrito excelentemente! Sua abordagem é geral mas não é muito superficial, gosto disso, deixa, quem ainda não assitiu, com vontade de fazê-lo!

    =***

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